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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Violência no trânsito custa R$ 22 bilhões por ano.


Somente nas rodovias federais, nos dois primeiros dias do feriado, 92 pessoas morreram. Um exemplo de que fiscalização e punição funcionam pode ser a Lei Seca, no Rio de Janeiro.

Quarta-feira à noite, Rodovia Presidente Dutra, sentido Rio. Ao longo de 200 metros, destruição, ferro retorcido, feridos na beira da estrada. Combustível vaza no asfalto, o trânsito continua em meio aos destroços. O socorro chega pela pista contrária, mas com o trânsito pesado, eles se arriscam ao cruzar a Dutra.


“Estou com uma dor aqui assim, não consigo nem respirar, está doendo muito”, diz um acidentado.


Salva pelo cinto e os air bags, presa do pânico. “É um susto. Hoje é dia de falecimento do meu pai também. Ele morreu de acidente de carro. Então, me deixando mais nervosa”, diz Joseni Moreira, vítima do acidente.


Esse motorista é louco. Ele vem sabendo que o trânsito estava todo parado e ele veio a mil. Nós fizemos sinalização para ele parar e ele nada”, critica Jaqueline Maria da Conceição.


Pouco mais adiante, a mulher de um homem sofre com a dor do impacto na coluna - que já estava lesionada.


A carreta não parou ao encontrar o engarrafamento. E bateu em 12 veículos, espremendo um carro contra a mureta.


“E quando de repente é uma carreta. Vinha numa velocidade muito grande, e não deu tempo, porque a gente estava parado. Eu só vi na hora do impacto”, conta o motorista Francisco Titoneli.


O adesivo diz que a carreta está "nas mãos de deus". Ela estava com Hudson Cadine, 27 anos.


- A senhora é da televisão?
Fantástico - Sou.
- Eu não quero dar entrevista.
Fantástico - O senhor não quer dizer o que aconteceu?
- Eu vou dizer pro policial, daí a senhora pergunta pra ele.


A polícia investiga se ele estava em ponto morto e dormiu na direção ou se houve uma falha mecânica.


As ambulâncias levam os feridos. Está começando o feriado da morte e do renascimento.


Na quinta-feira cedinho, o fogo na beira da estrada em Rondônia consome um carro. Os cinco ocupantes morreram. Eles não tiveram chance de escapar quando o carro bateu de frente com o ônibus e foi arrastado para fora da estrada.


“Eu dormi desde o momento que eu saí da rodoviária. Eu estava na frente, no banco da frente, bem do lado do motorista. Quando eu vi, eu já estava no chão. Aquele desespero, o povo já quebrando o vidro, foi na hora que a gente pulou e o ônibus já começou a pegar fogo”, conta uma mulher.


A milhares de quilômetros, quase na mesma hora, desespero na Rio-Santos.


“Vamos escorar, vamos escorar, vamos escorar”,


O ônibus captou e um dos passageiros está preso sob a carroceria.


O cinegrafista amador mostra que a escavadeira sozinha não consegue levantar toneladas de ferragens. E o esforço dos bombeiros para libertar o homem ferido. É o último de 37 feridos levados para o hospital nesse acidente. Quatro continuam internados e três passageiros morreram. O motorista perdeu o traçado da curva, na BR-101, em São Paulo, saiu da pista e capotou. Muitos passageiros foram arremessados para fora do ônibus.


“É possível, a gente ainda está periciando a ocorrência do acidente, mas é possível que pessoas tenham sido lançadas pra fora do veículo exatamente pela falta do cinto de segurança”, conta Sérgio de Amorim, da Polícia Rodoviária de São Paulo.


Centenas de milhares de brasileiros ainda estão nas estradas, voltando para casa, e este feriado de Semana Santa combinado com Tiradentes assusta.


Só nas rodovias federais, nos dois primeiros dias, 92 pessoas morreram. No ano passado, foram 114 em todo feriado.


O estudo mais completo sobre os acidentes no Brasil mostra que a conta dessa violência, paga por todos nós brasileiros, é de R$22 dois bilhões por ano.


O cálculo, do governo federal, é de 2006. De lá para cá, a frota de automóveis aumentou 43%. Os números de acidentes e mortes não param de crescer. As internações hospitalares de feridos em acidentes são 160 mil por ano, só nos hospitais no SUS.


O especialista em trânsito Rodolfo Rizzotto é autor de um estudo chamado "Acidentes não acontecem". “A gente chama de acidente, mas na realidade é uma falha humana, existem falhas mecânicas, da via, da pavimentação, da sinalização, que contribuem para que esses episódios lamentáveis aconteçam”, explica.


Noite de quarta, estado do Rio. Um casal atropelado por uma moto. Atropelamentos não deviam acontecer em estradas. Mas, segundo o governo, são quatro mil por ano, um a cada duas horas, nas rodovias federais.


“Ela estava em casa atravessou pra ir na padaria comprar pão. Aí o pessoal falou que a moto veio ultrapassou e pegou eles aqui. Aqui tem um monte de moradores, mas não tem uma passarela para a gente”, conta Renata Cristina Pereira, mãe de uma vítima.


Falha da estrada: também não existe passarela na região do sul de Minas, onde o homem foi atropelado por uma cegonheira.


Irresponsabilidade: tem gente dirigindo sem carteira. Como o motoqueiro em Santa Catarina, que vinha na contramão. “Você vai ser autuado por estar sem habilitação, por ter andando na contra mão e por ter andado sobre o passeio”, diz o agente federal.


O homem em São Paulo não teve culpa direta na colisão de dois carros, mas é um infrator confesso que apresenta uma justificativa absurda.


“Eu estou andando sem habilitação, mas estou andando de consciência limpa, não estou em zoeira, não estou em baile, não estou em mulherada, não estou em bebida”, afirma o motorista Ailton Ferreira.


Por falar em bebida, o motorista que perdeu o controle do carro e caiu no barranco, em Santa Catarina, segunda a polícia, dirigia sob influência de álcool.


“Não pudemos fazer o exame de bafômetro, porque ele estava com vários ferimentos na região do rosto e isso poderia contaminar o aparelho. Então, neste caso, a gente faz o auto de constatação de embriaguez, atestando que ele com determinados sintomas e ele é autuado normalmente por dirigir embriagado”, explica Renata Dutra, agente da Polícia Rodoviária Federal de SC.


Na alegria responsável do feriado, os três amigos beberam e chamaram outro para levá-los para casa, em São Paulo. Mas o carro capotou.


“Quando entrei ali, o rapaz me fechou, eu perdi o controle do carro. Todo mundo estava de cinto”, contou o motorista Patrício Pereira da Silva. Nenhum dos quatro ocupantes se feriu.


O especialista conta qual é o principal fator isolado para tantas mortes nas estradas do Brasil: “É a impunidade. Nós precisamos punir os motoristas infratores. E é preciso que a sociedade apóie as autoridades a punir. Por isso, precisamos mudar nosso comportamento e entender que punir é uma forma de educar”, ressalta Rodolfo Rizzotto.


Um exemplo de que fiscalização e punição funcionam pode ser a Lei Seca, no Rio de Janeiro. Construiu a reputação de que dela ninguém escapa. Do cidadão comum ao político importante, da celebridade ao juiz de direito. Em dois anos, a Lei Seca reduziu o número de acidentes no Rio em 32%. Uma redução dessa, se fosse no Brasil todo, evitaria mais de dez mil mortes por ano.


A diretora-geral da Policia Rodoviária Federal admite que a fiscalização precisa melhorar. “Nós necessitaríamos de mais efetivos, de mais tecnologias e de mais recursos”, afirma Maria Alice Nascimento Souza, diretora-geral da PRF.


Ela diz também que vários ministérios estão trabalhando num novo plano nacional para reduzir os acidentes. “Nós estamos investindo na área de estatística, pra que a gente possa ter critérios objetivos e técnicos pra trabalhar com esse plano nacional de combate aos acidentes”.


Depois de gravar essa entrevista, recebemos uma informação: a diretora-geral da Polícia Rodoviária Federal, Maria Alice Nascimento Souza, teve a carteira de motorista suspensa. A informação é pública e pode ser encontrada com uma busca na página do Detran do Paraná, na internet.


Segundo o site do Detran paranaense, entre dezembro de 2008 e dezembro de 2010, ela acumulou seis multas - duas por estacionar em local impróprio, como calçada ou faixa de pedestres. E quatro por excesso de velocidade - uma delas, com velocidade entre 20% e 50% acima do permitido na via.


O policiamento nas estradas federais nesse feriado é a primeira grande operação chefiada por Maria Alice Nascimento Souza.


O Fantástico recebeu, na noite deste domingo, uma nota da Polícia Rodoviária Federal. Segundo a nota, Maria Alice Nascimento Souza esclarece que o único carro da família está em nome dela e é usado por outras pessoas da família.


A diretora-geral da Polícia Rodoviária Federal reconhece a falha em identificar em tempo hábil os condutores responsáveis pelas infrações. Maria Alice foi notificada pelo Detran em março deste ano. Ela diz também que cumprirá o determinado em lei. E que a suspensão temporária da habilitação não cria obstáculos para que ela exerça o seu cargo de diretora-geral da PRF. 


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